Ceará
João Cordeiro - Um abolicionista Cearense
João Cordeiro nasceu em Santana do Acaraú, no dia 31 de agosto de 1932, falecendo em Fortaleza, a 12 de maio de 1931 aos 88 anos.
Foi Senador da República, amigo íntimo de Floriano Peixoto. Figura máxima do abolicionismo no Ceará. Político de corajosas atitudes e de enorme prestigio junto aos poderes constituídos.
Era filho de João Cordeiro da Costa e Floriana Angélica da Vera Cruz, foi considerado nas notas de Eusébio de Sousa deixadas e publicadas na Revista do Instituto do Ceará do ano de 1945 o seguinte: ?invicto General da Companhia da Abolição?, foi centro gravitacional redentora do Ceará.
Considerado temperamental quando necessariamente teria que agir, não medindo esforços e nem contava o que era preciso fazer.
Tinha uma linha de conduta que até hoje não conseguimos definir, devido o seu direcionamento a tudo e a todos.
Foram vários os conceitos a sua pessoa inclusive considerando o seu Cérebro como daqueles que não raciocinava dificuldade. Vencia tudo e muito rapidamente.
Nas suas diferentes funções exercidas ao longo de sua existência, ora estava alto, mas dominantemente decidido e decidindo, superando sempre as dificuldades com o seu altruísmo.
João Cordeiro o Abolicionista, não podemos eximir das páginas de qualquer obra que venha falar de abolição, o nome de João Cordeiro; como também o republicanismo do Ceará pois deverá constar em qualquer compendio histórico. Era o Cearense inquieto e integral nos atos como também no caráter.
João Cordeiro, nas memórias que escreveu, ao correr do lápis, esclarece que foi convidado por alguns sócios da Perseverança e Porvir para fundarem uma sociedade que se ocupasse da propaganda e da abolição dos escravizados. Aceitou o convite com grande entusiasmo e com os rapazes da perseverança convocou para Palacete da Assembléia da Província, uma reunião dos abolicionistas para a fundação de uma associação, que instalou com o nome de Cearense Libertadora. Compareceu grande número de abolicionista e ele, João Cordeiro, foi aclamado Presidente e, tomando posse do cargo, deu por instalada a sociedade e nomeou uma comissão para organizar os estatutos.
Dias depois, reuniram-se os associados para ouvir a leitura destes e aprova-los mas, houve longa discussão e, para corta-la, Cordeiro declarou os estatutos que acabara de ser lido como inconveniente, não se relacionando com o pensamento do abolicionismo, nós queremos uma sociedade carbonaria, sem ligações com o governo que se ocupe da libertação dos escravos por todos os meios ao alcance dos nossos recursos pecuniários que nos convém devem ser simplesmente estes: -
· ?Art 1° - Libertar escravos seja por que meio for?.
· Art. 2° - ?Todos por um e um por todos?.
Dissolveu-se a reunião, ficando apenas duas dúzias de abolicionistas dispostos à luta que em resultado se deu à Libertação dosEscravos no Ceará.
A ideia triunfou e se formou um grupo de resistência que prosseguiu na luta, sendo de justiça destacar nomes de um punhado desse núcleo: João Cordeiro, Antônio Bezerra, Padre Frota, Justiniano de Serpa e outros. ?E adianta: ?Eram estes os tais libertadores, frase de mofa para traduzir a insignificância da força que pretendia demolir a torre? Malakoff do escravismo.?
Não parece certo que os nomes indicados por Isac do Amaral sejam os que ficaram na hora decisiva do juramento pedido por João Cordeiro, mas a verdade é que todos eles não saem do agitado palco em que se encena o complicado drama do extermínio da escravatura.
O grupo arrojado da Libertadora não mais sossegou nem parou. Sem demora fundaram um jornal comandado por João Cordeiro ?destinado à propaganda e interesse dos abolicionistas? e cujo primeiro número circulou no dia 1°de janeiro seguinte ao da fundação da sociedade. Chamaram o Jornal de, ?O Libertador? e adotaram o lema de Jesus ? ?Ama ao teu próximo como a ti mesmo?.
No seu apostolado, ?O Libertador? não restringe as duas esferas de ação. Levanta o escravo e coloca o homem ao lado do homem. Sopeia o algoz e liberta a vitima. Tritura o orgulho do enfatuado e eleva o mérito real do filho do povo. E no vasto domínio da mentalidade humana, todo assunto lhe é próprio. Marcha com seu século, tem o mesmo movimento, e a luta faz a sua profissão de fé. Ou vencer ou morrer.
Foi assim a participação que chamamos de efetiva de João Cordeiro, que culminou a libertação dos escravos no Ceará com grandes pompas, com uma programação que constou de números literários, musicais e artísticos de um modo geral.
Ipu, CE, 03 de setembro 2001
Francisco de Assis Martins
Crédito: Professor Francisco Mello
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